quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O GOVERNO E AS IGREJAS

O Presidente da República reagiu finalmente ao problema da proliferação de igrejas e seitas em Angola. A questão já ganhou contornos seríssimos há bastante, entretanto até ao momento, apesar das inúmeras denúncias de situações anormais em várias igrejas não reconhecidas, na maior parte dos casos os tratamentos dos problemas são remetidos somente aos comandos municipais locais, e quando muito, as delegações da cultura. Tudo leva a crer que até ao momento, apesar das denúncias sobre as mortes de pessoas por indicações dogmáticas, violações para curas, exorcisão com jindungo dos olhos ou ânus e outras práticas macabras, o governo, ou nunca procurou arrolar a extensão e gravidade da situação, ou simplesmente fez ouvidos mocos.
Instalou-se há bastante a ideia de que se anda a brincar com o fogo, ou não se tem feito o racional aproveitamento das amargas experiências que Países limítrofes tem vivido com as suas igrejas.
Mesmo num Estado laico, indicações cientificamente comprovadas atestam que uma sociedade sobretudo com a amálgama de problemas que Angola vive, tem a extrair mais benefícios do que malefícios de uma relação saudável com as igrejas. Mas é indispensável que as denominações tenham posicionamento oficial, e que todo o aparato de cerimónias, rituais e etc, estejam obrigatoriamente inseridas no contexto jurídico-legal do País. Não é o que se vive em Angola.
É enorme o universo de transgressões que se podem apontar ao exercício da actividade das igrejas no País, que em muitos casos, pouco ou nada fazem para doutrinar condutas, modelar posicionamentos, enfim posicionar-se como um elemento vital no processo de espiritualização das comunidades.
A igreja é um centro de socialização por excelência, estudo recente provou que de entre milhares de pessoas, uma crentes e religiosas e outras agnósticas, as que crêem na existência de um ser transcendental e praticam a religião, são comparativamente as demais, mais afáveis, mais trabalhadoras, menos conflituosas, mais saudáveis, enfim seres mais sociais.
Descurar a proliferação de seitas, apesar da desordem ora reinante, implicitamente significa descurar um forte e agressivo processo de aculturação que com falso silêncio se vai implementando. As igrejas ou seitas novas, têm muitas delas origem noutras partes do mundo, e entram para Angola não só com a crença espiritual, mas com todo um arsenal cultural, que se dissemina pelo País. Um relatório recente, mostrou que é desta forma que uma cultura “alienígena” se pode apropriar de um País, mormente se a percentagem de fertilidade dos membros disseminadores da nova crença, for superior a dos nativos. Quer dizer que pelas mulheres e filhos que têm ou terão em Angola, se vai expandindo a religião e a cultura, até ao dia em que pelo grau de representatividade têm que ser adoptados pelo País como algo nacional.
Será intenção do governo tal importação cultural?
Será distração?
Vai-se correr atrás mais tarde, ou começou a corrida, com o apelo do Presidente?
A ser assim mais vale tarde do que nunca.

Sem comentários:

Enviar um comentário